SERIE PERSPECTIVAS BRINCANTES
Em Espelhos, ou perspectivas brincantes, Paulo Penna propõe uma aproximação lúdica das potências estéticas da perspectiva, ao mesmo tempo em que a cita de modo a um só tempo reconhecível e desestabilizador. Nestas imagens, a perspectiva é objeto de uma fabricação poética, que embaralha e cruza fachadas, em um exercício cujo teor perspético remete à pintura renascentista veneziana, em que a ilusão de profundidade servia à apresentação pictórica das vistas arquitetônicas. Diferentemente da pintura, contudo, em que a perspectiva é um construto retórico, dependente das leis geométricas que criam a ilusão tridimensional sobre a superfície pictórica, plana e bidimensional, a captura fotográfica é captura da cena “real” “como capturada pelo olho”, em que o que se vê: os signos visíveis cuja delimitação autoriza seu reconhecimento ou localização na composição, as distâncias entre as figuras, a profundidade, os “vazios”, o fundo, não se submeteram à retoricidade perspética teorizada e aprofundada pela pintura renascentista.